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Segunda-feira, 4 de Dezembro de 2006

Há mais vida para além do comprimido!

Nos próximos dias 14 e 15 de Dezembro realiza-se o Encontro Interno de Enfermagem do Hospital Júlio de Matos. Penso que a organização está de parabéns por realizar pela primeira vez no Hospital um evento específico de Enfermagem tentando contrariar a lógica biomédica que está disseminada não só no sistema de saúde em geral mas mesmo dentro das nossas consciências profissionais no seio da enfermagem.

Este comentário não pretende ser uma crítica, apenas uma constatação de que estamos (enfermeiros) de alguma maneira formatados para a lógica do curar em detrimento do cuidar. Dizia uma colega há uns dias uma frase que me ficou: “Há mais vida para além do comprimido!”

 

Quando ouvi a frase achei-a absolutamente genial. Vejamos um exemplo: nos cuidados paliativos não há cura possível! Aquela vida não se pode salvar. Está absolutamente condenada. Durante o curso de base fiz uma visita ao IPO do Porto e lá têm um mote: “Curar algumas vezes, aliviar a dor quando possível, confortar sempre!”. E o que tem isto a ver com o nosso Encontro?

 

O que tem a ver é que a nossa intervenção tem relação directa com o nosso conceito de saúde. Lá diz a Organização Mundial de Saúde, a Ordem dos Enfermeiros, que a saúde não é nem pode ser vista como oposta à doença. A saúde é um estado e simultaneamente uma representação mental. Um bem-estar físico, emocional e espiritual (Quando dei estes conceitos no curso confesso que me parecia tudo uma chachada intelectualóide. Hoje, depois de trabalhar dois anos acredito nisto como nunca pensei vir a fazê-lo. Saúde, pessoa, ambiente e cuidados de enfermagem são de facto os conceitos pilar da enfermagem). Caso contrário o confortar que os enfermeiros fazem no IPO do Porto não é promover a saúde, ainda que não seja curar a doença: se não confortamos porque a pessoa não tem cura o que lhe fazemos? Nada?

E este tipo de abordagem restringe-se aos cuidados paliativos? Pessoalmente penso que é apenas um exemplo do potencial da enfermagem.

 

Na nossa realidade temos os utentes de evolução prolongada que atravessam uma situação muito semelhante aos utentes oncológicos. E para mim, o que muda são os comprimidos, porque continuam a ser seres humanos que necessitam de cuidados diferenciados de saúde, de enfermagem! Os princípios da enfermagem são os mesmos em qualquer área que se trabalhe. É assim que me pareça que temos uma profissão grandiosa, humana, global, holística…Não lhe é reconhecido o devido valor, mas isso não me faz acreditar menos no potencial de saúde que geramos na relação que estabelecemos com os nossos utentes.

 

No Encontro de Enfermagem vamos discutir isso mesmo: Saúde no seu todo. Vamos discutir Saúde e não doenças. Parece-me que discutir doenças compete a outro tipo de profissionais. A nós compete-nos discutir a Saúde. Tudo aquilo que fazemos para contribuir para a saúde dos utentes. E faz-se muita coisa de grande qualidade cá no hospital com influência na saúde tanto aos níveis da gestão, da prestação de cuidados, entre outros.

publicado por Daniel Lopes às 16:01
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2 comentários:
De João Martins a 6 de Dezembro de 2006 às 23:37
boa noite colegas!
Não poderia estar mais de acordo com a frase que citaste da nossa colega, pois se Enfermagem for entendida como uma profissão que se reduz apenas ao desempenho quase mecanizado de tarefas, então estaremos à beira de sermos substituídos por maquinas. Pegando ainda no "dar comprimidos", implícito da frase atrás referida, se pensarmos bem actualmente o desenvolvimento tecnológico já permite criar uma maquina que executa na perfeição a mesma tarefa.
Enfermagem não é só simplesmente dar os comprimidos, deve ser também o estar atento às preocupações e anseios do utente. É empenhar-se e comprometer-se para com o utente, de que se irá mobilizar todos os recursos possíveis para que este possa solucionar ou atenuar o seu problema. É acompanhar e fazer a caminhada juntamente com o utente, no seu percurso com vista a uma melhoria da sua vida. Na nossa prática diária de cuidados não podemos apenas executar tarefas, devemos também parar e encontrar tempo para escutar o que os utentes têm para nos dizer, pois só escutando o doente conhecerei os seus problemas, necessidades e projectos futuros, o que me irá permitir orientar a minha pratica de cuidados. Isto, ainda que eu saiba, nenhuma maquina é capaz de realizar.
Penso que é a via que a Enfermagem deve tomar para podermos continuar a fazer a diferença.
um abraço
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boa noite colegas! <BR>Não poderia estar mais de acordo com a frase que citaste da nossa colega, pois se Enfermagem for entendida como uma profissão que se reduz apenas ao desempenho quase mecanizado de tarefas, então estaremos à beira de sermos substituídos por maquinas. Pegando ainda no "dar comprimidos", implícito da frase atrás referida, se pensarmos bem actualmente o desenvolvimento tecnológico já permite criar uma maquina que executa na perfeição a mesma tarefa. <BR>Enfermagem não é só simplesmente dar os comprimidos, deve ser também o estar atento às preocupações e anseios do utente. É empenhar-se e comprometer-se para com o utente, de que se irá mobilizar todos os recursos possíveis para que este possa solucionar ou atenuar o seu problema. É acompanhar e fazer a caminhada juntamente com o utente, no seu percurso com vista a uma melhoria da sua vida. Na nossa prática diária de cuidados não podemos apenas executar tarefas, devemos também parar e encontrar tempo para escutar o que os utentes têm para nos dizer, pois só escutando o doente conhecerei os seus problemas, necessidades e projectos futuros, o que me irá permitir orientar a minha pratica de cuidados. Isto, ainda que eu saiba, nenhuma maquina é capaz de realizar. <BR>Penso que é a via que a Enfermagem deve tomar para podermos continuar a fazer a diferença. <BR>um abraço <BR><BR class=incorrect <a name="incorrect">P.S</A> </A>- quero dar os parabéns pela ideia deste Blog! pois acredito que é a falar que nos entendemos e que se conhece o que vai acontecendo no resto do HJM ! <BR><BR>
De Daniel Lopes a 7 de Dezembro de 2006 às 13:34
A máquina das Injecções

Olha que a ideia de ver uma passadeira rolante com os utentes a passar e uma máquina a administrar injecções é assustadora! É assustadora ao nível da saúde, pela falta de qualidade e de segurança do que se está a fazer: imagino uma fábrica de sapatos em que há um defeito/erro e até o técnico detectar o erro saiem 50 sapatos cortados ao meio; ou 50 pessoas amputadas, com medicação errada (…) e depois há a componente humana, que não é depois, mas que deve vir em primeiro lugar. E é assustador ao nível do caminho que a sociedade pode levar: pessoalmente sou um adepto do desenvolvimento tecnológico, mas sei que além das vantagens tem riscos enormes como é o da desumanização da sociedade, da mecanização das relações humanas entre muitos outros. E a Organização Mundial da Saúde já alertou para previsões assustadoras de aumento de problemas de saúde mental nas próximas décadas, como são as depressões entre outras.

No entanto, quando dizes:

“É empenhar-se e comprometer-se para com o utente, de que se irá mobilizar todos os recursos possíveis para que este possa solucionar ou atenuar o seu problema. É acompanhar e fazer a caminhada juntamente com o utente, no seu percurso com vista a uma melhoria da sua vida.”

quero só alertar para um aspecto: devemos fazê-lo dentro do quadro de competências da enfermagem. Não concebo uma noção de resolver o problema do utente sem olhar a meios porque na maioria dessas situações acontece o seguinte:

1- Não estamos a resolver o problema, apenas a adiá-lo/intensificá-lo/camuflá-lo;
2- Não estamos a resolver o problema, “ensinar a pescar”, estamos apenas a “dar o peixe”;
3- Estamos a desresponsabilizar a pessoa pelo seu estado de saúde, assumindo uma atitude paternalista (típica biomédica);
4- Estamos a desresponsabilizar outros técnicos mais qualificados que nós para aquela intervenção;
5- Estamos a desperdiçar recursos humanos de enfermagem porque estamos mobilizados para questões que não nos competem, quando podíamos estar a desenvolver outro tipo de trabalho muito mais profícuo (desde a investigação à reflexão, à escuta efectiva dos utentes que tu tão bem referes).

Um abraço.

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